Em nova nota, empresa afirmou que está mobilizada para prestar todos os esclarecimentos à sociedade

A BRF divulgou nesta noite de segunda-feira, 5, um novo e mais completo comunicado sobre a Operação Trapaça, da Polícia Federal, na qual a companhia é suspeita de burlar laudos sobre a presença de salmonela em seus produtos para a exportação para determinados países. “A empresa está mobilizada para prestar todos os esclarecimentos à sociedade”, diz, na nota.
A BRF afirma que segue normas e regulamentos brasileiros e internacionais referentes à produção e comercialização de seus produtos. “Com base nos documentos disponíveis, a BRF entende que nenhuma das frentes de investigação da Polícia Federal diz respeito a algo que possa causar dano à saúde pública”, ressalta.

Em relação às denúncias até então divulgadas, a empresa diz que sobre salmonela do tipo Pullorum, citada pela PF em relação à produção em Carambeí, PR, “é essencialmente de aves e não causa nenhum dano à saúde humana”. A empresa diz ainda que segue todos os monitoramentos estabelecidos pelo Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) e Instrução Normativa nº 20.

Sobre o lote de 46 mil pintos de um dia citado na acusação, a companhia diz que foram realizadas análises microbiológicas que não identificaram presença da bactéria S. Pullorum. Porém, ela foi identificada em matrizes e lotes de frango de corte no mesmo período em Carambeí. “Os resultados dessas análises foram devidamente notificados ao Serviço Veterinário Estadual e ao Serviço de Inspeção Federal, como determina a legislação”, afirma. A empresa diz ainda que o ofício foi encaminhado no dia 18 de abril de 2016 ao Serviço Estadual. “Outros 28 ofícios relacionados ao assunto foram encaminhados ao Serviço Federal”, afirma.

Em relação às citações envolvendo o composto “premix”, que é adicionado como complementação às rações animais, a alimentícia diz que suas fábricas que produzem o produto são registradas e certificadas pelo ministério e passam por fiscalização constantemente.

“A última auditoria do Mapana BRF ocorreu em outubro de 2017, e todos os parâmetros estavam devidamente dentro das normas”, diz. A BRF afirma ainda que os e-mails revelados pela investigação em curso são de três anos atrás. “O teor das mensagens está sendo investigado pela empresa”, salienta.

Por fim, sobre a ex-funcionária Adriana Marques Carvalho, autora da ação trabalhista que serviu como parte das provas da investigação, a BRF afirma que as denúncias feitas por ela “foram tomadas com seriedade pela companhia, e medidas técnicas e administrativas foram implementadas para aprimorar seus procedimentos internos”.

Suspensão – O Ministério da Agricultura suspendeu as atividades de três unidades da BRF nesta segunda-feira, 5, após a deflagração da 3ª fase da Operação Carne Fraca, intitulada Trapaça. As plantas de Rio Verde, GO, Carambeí, PR, e Mineiros, GO, foram interditadas e suas exportações de carne de frango foram paralisadas preventivamente. A partir de agora, elas estão proibidas de realizar envios para os 12 países que têm o nível de exigência maior sobre a presença de salmonela.

Em março do ano passado, a produção da cidade de Mineiros já havia sido embargada durante a mesma operação. O clima era de desespero entre os produtores de peru e frango do município, que abastecem o complexo frigorífico da BRF Perdigão. As granjas da região chegaram a acumular um total de 300 mil perus em situação de abate por conta do fechamento.

Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO