Os dados obtidos por meio do projeto Campo Futuro, uma parceria do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) com a Confederação da Agricultura e Pecuária e do Brasil (CNA), constatou que a pecuária de corte fechou o ano passado com aumento de 9,8% na margem líquida de produtores de bezerros, enquanto os invernistas tiveram que lidar com redução dos resultados (-8,9%). O resultado se deve à valorização dos bezerros de 9,1% entre janeiro e dezembro de 2018.

Os pesquisadores do Cepea explicam que a valorização na cotação do bezerro ocorreu principalmente no quarto trimestre de 2018, quando o valor dos animais de reposição reagiu diante da maior demanda por parte dos terminadores. “A motivação na ponta terminadora veio principalmente pela recuperação dos preços da arroba (do boi gordo), acumulando alta de 2,5% no ano, considerando-se os valores nominais.”

Eles observam que a margem líquida da atividade se refere à diferença entre a receita total anual e os Custos Operacionais Totais, ou “COT”, que são os desembolsos anuais acrescidos dos gastos médios com a depreciação do inventário da propriedade.

Os estudo constatou que Paraná e de Rondônia se destacam na atividade de cria, com aumentos de 53% e 52% na margem, respectivamente. Já para os sistemas de recria e engorda, que apresentaram queda na média nacional no ano de 2018, apenas Paraná, Pará e Mato Grosso do Sul apresentaram crescimento, de 10,0%, de 1,5% e de 0,2%, respectivamente.

Especificamente em dezembro de 2018, o estudo mostra que as maiores margens no sistema de cria de bezerros foram registradas no Paraná, Acre, e Goiás, sendo, nesta ordem, 297%, 204% e 175% acima da média brasileira. Também em dezembro, os sistemas de recria e engorda em Mato Grosso, Acre e Goiás obtiveram respectivamente margens 100%, 53,3% e 26,7% acima da média Brasil.

Segundo os pesquisadores, com o aumento de 6,4% na relação de troca entre arroba de boi gordo por bezerro, o produtor precisou de 0,5 arroba a mais em dezembro/18 do que em janeiro/18 para a compra de um bezerro. Sendo que o custo de reposição de animais, na média brasileira, correspondeu, em dezembro, a 56% do COT dos sistemas de recria e engorda.

O levantamento constatou que no caso de propriedades de recria e engorda outros grupos importantes de custo, além da reposição, registraram aumento entre janeiro e dezembro em 2018, como adubos e corretivos (+23,9%), ração (+18,2%) e sal mineral e proteinado (+8,7%). “Nas propriedades de cria, é válido ressaltar, as altas nos gastos com a dieta do rebanho (+13,9%), e com a suplementação mineral (+14%).”

Os pesquisadores lembram que 2018 foi um período de recuperação do setor produtivo, após as tensões econômicas do ano anterior. “No caso das propriedades de recria e engorda, a elevação nos custos de reposição impossibilitou o retorno às margens observadas em janeiro. Já produtores de cria convivem com uma situação mais amena frente à observada no início de 2018, favorecidos pela elevação dos preços de reposição e pelo crescimento moderado nos custos de produção.”

Fonte: Globo Rural