Alta nas exportações exige intensificação da pecuária de corte. Tecnologia reduz em até 40% o tempo de produção.

O sistema de engorda de bovinos em escala industrial, o chamado confinamento, deverá ser uma das principais alternativas para atender a crescente demanda internacional por carne sem que haja desabastecimento interno. Isso porque a tecnologia reduz em até 40% o tempo de produção, dando mais celeridade ao processo e qualidade à carne, uma vez que os animais são abatidos mais jovens.

De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), apenas 12% do rebanho nacional abatido é confinado. Em 2018, 5,5 milhões de bovinos foram confinados de um total de 44,2 milhões de cabeças abatidas.

“Quando comparamos com países como Argentina e Estados Unidos, que confinam 60% e 90% do rebanho, respectivamente, vemos que o Brasil pode avançar muito. A China mesmo prefere animais terminados com grãos e exige animais abatidos com até 30 meses de idade”, diz Francisco Camacho, diretor da LFPec.

Somente entre os meses de setembro e outubro deste ano, a exportação brasileira de carne bovina registrou aumento de 68% na receita, passando de US$ 222 milhões para US$ 373 milhões. A alta se deve à habilitação de mais unidades frigoríficas após o surto de peste suína no continente asiático. Sem proteína animal suficiente para a população, o governo chinês autorizou a exportação de carne por mais indústrias.

Em Mato Grosso, as exportações registraram alta de mais de 300% no comparativo de outubro deste ano com o mesmo mês de 2018, passando de US$ 14,1 milhões para US$ 59,9 milhões. Entre setembro e outubro deste ano, a alta nas exportações de carne mato-grossense foi de 87%. Neste ano no Estado, segundo o Instituto Mato-Grossense da Carne, cerca de 824 mil animais foram confinados até outubro deste ano, volume 10,8 % superior ao registrado no levantamento de outubro do ano passado. No entanto, mesmo assim, o volume não deve chegar a 15% do total a ser abatido, estimado em 6 milhões de animais este ano.

Para Camacho, o mercado da carne bovina deu início a uma nova etapa com a valorização dos preços, consolidação do mercado externo e aquecimento na demanda interna. “Chamamos esta fase de ‘tempestade perfeita’, pois reúne aspectos econômicos positivos, como juros baixos e crédito acessível, e demanda aquecida internamente e no mercado externo”, afirma.

Com este conjunto de fatores positivos para o setor, o diretor diz que o investimento em tecnologia deve aumentar. A LFPEC somou nos últimos oito anos o abate de 500 mil bovinos. Agora, para 2020, a empresa planeja abater 100 mil animais nas três unidades, em Mato Grosso, Bahia e São Paulo.

“A crescente exportação para China vai impulsionar o setor. Os frigoríficos precisam de mercadoria e os produtores terão que acelerar o processo de produção”, diz.

O médico veterinário Ricardo Barbosa, diretor operacional da empresa, explica que o confinamento reduz a idade de abate em até um ano e meio.

“No Brasil, a idade média de abate é de três anos e meio. Quando confinado, o gado está pronto com dois a dois anos e meio. Isso representa mais produtividade, qualidade e consequentemente lucratividade”, afirma.

Fonte:https://www.portaldbo.com.br