Bloco é o segundo maior importador do País, paga bem, mas vem perdendo força nas últimas décadas

A União Europeia, o segundo maior importador do agronegócio brasileiro, atrás da China, nunca comprou tão pouca carne bovina brasileira no mês de maio. Os 28 países que formam o bloco responderam por 6,2 mil toneladas no mês passado, pelo valor US$ 32,5 milhões. Foi o menor volume registrado na série histórica para este período, de acordo com dados divulgados ontem (10/5), pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Embarques de carne para a Europa caem desde janeiro. Foto: divulgação

Na comparação com maio do ano passado, o comércio de 2020 encolheu 23,5%. No ano passado foram embarcadas 8,1 mil toneladas. O desempenho deste ano tem como causa a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que fez com que o bloco europeu tomasse medidas de restrição de circulação de mercadorias, afetando o comércio com vários países.

Desde o dia 24 de janeiro, quando o primeiro caso da doença foi detectado em Bordeux, na França, em vários graus, os países também passaram a adotar a restrição de circulação de pessoas, com destaque para Itália, Espanha e Inglaterra. “As pessoas não saiam das suas casas, foram quase 75 dias isoladas”, disse nesta semana Belarmino Iglesias Filho, diretor do Grupo Rubayat, diretamente de seu restaurante de Madrid, na Espanha, ao DBO Entrevista. “Houve uma obediência civil sem precedentes”, afirmou.

Pandemia levou ao isolamento social e à restrição de mercadorias na Europa. Foto: divulgação

Embora a União Europeia não seja o maior importador de carne brasileira, o bloco é um cliente tradicional e que paga bem pelo produto. Com a preferência por cortes de maior valor agregado, em maio, para cada tonelada de carne importada do Brasil a Europa pagou US$ 5.246, valor 7,1% acima da média da tonelada embarcada para a China e 22,9% acima da média geral para toda a carne embarcada.

No caso do país asiático, ela ficou em US$ 4.898 . A média geral foi de US$ 4.267.  A outros mercados, como os asiáticos, o Brasil embarca generosos volumes do boi inteiro, incluindo cortes de dianteiro e miúdos.

Não por acaso, nos anos 2000, quando o Brasil passou a correr atrás da diversificação de mercados para a sua carne, havia no setor uma ferrenha discussão se a Europa seguiria como um mercado de fôlego – e daí a necessidade de investimentos para aumentar o comércio com o bloco –  ou se seria o caso de abandonar o continente como prioridade em sua política comercial.

O fato é que à Europa são destinados cortes de maior valor agregado, como o contra-filé e o filé-mignon, por exemplo, fazendo com que essa escolha nunca se concretizasse.  Mesmo assim, o comércio vem encolhendo desde 2008, ano em que foram embarcadas 9,2 mil toneladas em maio. A queda das exportações brasileiras para a Europa, em maio,  veio iniciada depois de um período de ouro, entre os anos de 2002 e 2007, com compras entre 20 mil toneladas e 43,5 mil toneladas.  Essa queda, no entanto, ainda não estava sob o domínio da crise global que teve como marco inicial a falência do banco americano Lehman Brothers, em 15 de setembro daquele ano.

De janeiro a maio

Com a consolidação dos dados de maio, desde janeiro, o comércio de carne bovina para a União Europeia foi de 33,8 mil toneladas, no valor de US$ 199,1 milhões. Em 2019, neste período o bloco importou 40,4 mil toneladas, por US$ 226,8 milhões. O recorde histórico, em volume, para os primeiros cinco meses do ano ocorreu em 2006, quando o bloco importou 176,4 mil toneladas, por US$ 556,6 milhões.

Fonte: portaldbo.com.br

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