1. Publicado em: 26 de agosto de 2020

Fonte Scot Consultoria

A demanda por proteína de origem animal é crescente em virtude, entre outros fatores, do crescimento da população. Esse fato vem cobrando um aumento na eficiência dos sistemas produtivos, dentre eles os de carne e leite.

O Brasil tem potencial para suprir esse aumento de consumo, pois conta com terra, clima, tecnologia e o maior rebanho bovino comercial do mundo, estimado em 221,81 milhões de cabeças (IBGE, 2018).

Entre as ferramentas utilizadas para o aumento da produtividade, está a inseminação artificial (IA), que permite melhorar o rebanho através de multiplicação de características produtivas desejáveis.

Segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), o uso da IA vem crescendo. Cerca de 70% dos municípios brasileiros utilizaram a tecnologia no primeiro semestre de 2020.

Nesse período foram coletadas 4,47 milhões de doses de sêmen de raças de corte, 25,7% mais que no mesmo período do ano passado. Para as raças com aptidão leiteira foram coletadas 838,05 mil doses, crescimento de aproximadamente 28,5% em relação ao mesmo período de 2019.

O gráfico 1 mostra o crescimento do consumo de sêmen, em raças leiteiras e de corte.

Gráfico 1 – Consumo de sêmen em gado de corte e leite nos primeiros semestres de 2018, 2019 e 2020, em doses.

Em 2019 estima-se que 10,13 milhões de matrizes de corte no Brasil foram inseminadas, cerca de 16% das matrizes de corte (Asbia-Cepea). Paraná, Tocantins e Alagoas foram os estados com maior utilização de IA, com 28,1%, 25,4% e 24,5% das fêmeas em reprodução, respectivamente.

Os sêmens das raças de corte mais procuradas foram: Angus, Nelore em geral e Brangus. O gráfico 2 mostra os dados relacionados às raças divulgados pela Asbia em 2019. Segundo a Associação Brasileira de Angus, o crescimento da comercialização de sêmen vem sendo puxado pelas raças taurinas, em particular o Angus, cujo aumento foi de 17,8% em 2019 x 2018. O volume comercializado foi de 5,8 milhões de doses.

Gráfico 2 – Participação das principais raças de corte na comercialização de sêmen em doses (2019).

Para bovinos de aptidão leiteira, o uso de IA atingiu 1,8 milhões de cabeças, aproximadamente 10% dos indivíduos dessa categoria. Entre os estados de destaque estão MG, RS e PR. O gráfico 3 apresenta a participação das quatro principais raças leiteiras na comercialização de sêmen.

Gráfico 3 – Participação, em doses, das principais raças de leite na comercialização de sêmen (2019).

O aumento na comercialização de sêmen no primeiro semestre de 2020 sugere um aumento na utilização de IA.

Segundo levantamento da FMVZ/USP, quando há utilização de protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) associado à genética de bovinos melhoradores, é possível gerar R$4,50 a cada R$1,00 investido, considerando o aumento na eficiência reprodutiva e a consequente melhoria nos índices zootécnicos.

Em geral, na pecuária de corte os valores vigentes para protocolos hormonais estão em torno de R$16,00/cabeça, e quando acrescentamos a dose de sêmen que, em média, custa R$25,00, teremos um custo médio de R$41,00/cabeça/IATF, fora o custo com a mão de obra.

Para gado leiteiro geralmente é utilizado a IA, onde os principais custos são a mão de obra e a dose de sêmen, um custo em torno de R$35,00/cabeça/IA.

Nos últimos 20 anos, vários protocolos de sincronização para IATF foram estudados para atender diferentes realidades de manejo, raças e categorias de animais. Atualmente, 86% das inseminações no Brasil estão sendo realizadas segundo o protocolo de IATF. O aumento de uso da IATF representa considerável incremento de produtividade quando comparado com a monta natural, maximizando o retorno econômico para as fazendas de corte e de leite (Baruselli et al.,2019).

Referências:

Relatório ASBIA, 2019; 2020.
Baruselli PS. Evolução e perspectivas da inseminação artificial em bovinos, Anais do XXIII Congresso Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA-2019), ed., 2019a.