Adriano Barbosa, um dos principais profissionais do setor, falou no DBO Entrevista sobre o comportamento do mercado de remates e as perspectivas para 2021. Confira

O ano de 2020 foi atípico. A pandemia do novo coronavírus forçou o distanciamento social e paralisou todos os eventos com público. No entanto, o setor de leilões de animais não sofreu abalos. Pelo contrário, o que se viu nesse ano foi um mercado superaquecido.

Uma prévia do Anuário DBO 2021: só o mercado de touros teve um crescimento de 35%. (Os dados fechados estarão no Anuário, nas mãos dos assinantes no final de janeiro). Para se ter uma ideia, no Anuário 2019, o crescimento ante 2018 foi de 13%, considerando as médias por lote, num mercado que movimentou R$ 681,2 milhões, incluindo machos e fêmeas. Barbosa vai até um pouco além da estimativa.

“O reprodutor valorizou, em média, cerca de 50% este ano. Se considerarmos a média do lote de R$ 10 mil como ponto de equilíbrio em 2019, podemos considerar que este ano a média seria por volta R$ 15 mil”, diz o campo-grandense Adriano Barbosa, um dos principais leiloeiros de gado do Brasil.

Barbosa foi o convidado do programa DBO Entrevista desta quarta-feira (9/12). Ele atua no setor há cerca de duas décadas, reconhecido como um dos profissionais que fez a sua história no comando dos mais importantes leilões, principalmente de touros no Centro-Oeste do País. À DBO, o leiloeiro falou sobre o comportamento do setor num ano tão especial para a pecuária, que teve preços históricos por conta da demanda internacional, o que elevou a valorização do boi gordo, vaca, matriz e bezerros e, consequentemente, dos animais de genética de ponta, como os touros e as matrizes PO.

Adriano Barbosa, de Campo Grande (MS) e um dos mais respeitados leiloeiros de gado do Brasil

Além da escalada no mercado de leilões, o mercado teve maior participação de investidores.

Com os juros em queda, os investidores que estavam com o dinheiro parado no mercado financeiro viram oportunidades de apostar na pecuária. Então teve investidor do mercado capitais que comprou matriz PO este ano”, afirma Barbosa.

Valorização média do reprodutor, no acumulado do ano, é de 35%. Foto: Reprodução Agropecuária Rodrigues da Cunha

Dinâmica digital

Apesar de já possuir transmissões virtuais há muito tempo, ainda assim, o formato presencial era a realidade da maior parte dos leilões de gado. No ano passado, dos 451 remates de raças zebuínas que venderam genética para corte, 202 foram virtuais. Isso significou 44,8% à distância e o restante presenciais.

“Mas nesse ano de 2020, com a pandemia, os leilões tiveram de ser na sua grande maioria virtuais. Mas mas isso já fazia parte de uma tendência”, diz Barbosa.

Mesmo os leilões mais clássicos, os quais são palcos para a comercialização de animais de maior valor agregado, aprenderam a lidar com a nova onda da transmissão digital e deve seguir firme, segundo Barbosa.

Ele lembra que foi um dos primeiros leiloeiros a desbravar a comercialização de animais de genética virtualmente, há cerca de 30 anos, pela tevê. Hoje, além da televisão, a própria internet com transmissões ao vivo, troca de mensagens instantâneas e a influência das redes sociais deram um novo tom aos remates. “Foi um ano esquisito, mas um ano memorável para a pecuária brasileira, e acabou consolidando a transmissão virtual”.

Fonte: portaldbo.com.br