• REDAÇÃO GLOBO RURAL

26 JAN 2021 – 16H48 

ATUALIZADO EM 26 JAN 2021 – 16H48

Alysson Paolinelli (Foto: Abramilho/Divulgação)
Atualmente, Paolinelli é presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) embaixador da Boa Vontade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e presidente do Instituto Fórum do Futuro. (Foto: Abramilho/Divulgação)

A indicação de ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli para o  Prêmio Nobel da Paz 2021 foi oficializada nesta terça-feira (26/01), em coletiva organizada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/Esalq). O nome de Paolinelli recebeu o apoio de mais de 100 cartas de representantes de instituições de 28 países.

A conversa com jornalistas contou com a presença do também ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e representantes de entidades ligadas ao agro, que formam um comitê para endossar a indicação do “pai da moderna agricultura brasileira”. Rodrigues enfatizou que uma eventual  vitória de Paolinelli será mais uma vitória da agricultura brasileira.

Na visão de Rodrigues, “Paolinelli é hoje o maior brasileiro vivo”, à frente do movimento que transformou o país, que na década de 1970 era um grande importador de alimentos, na maior potência agrícola do mundo.

Segundo Durval Dourado Neto, diretor da Esalq/USP, Paolinelli liderou a implantação da agricultura tropical no cerrado brasileiro, o que viabilizou o Brasil a alimentar 1,2 bilhão de pessoas num total de 7 bilhões no mundo, promovendo a paz mundial.

“Paolinelli teve atuação de grande destaque em toda a sua trajetória acadêmica e profissional. Não seria possível o desenvolvimento da pecuária no cerrado brasileiro sem as contribuições de Paolinelli”, destacou o professor.


Presente na coletiva, Paolinelli lembrou que o Brasil se tornou um grande produtor de alimentos sendo um país da região tropical, “a área mais faminta e de maior desequilíbrio e motivadora de guerras permanentes, como ocorre nos continentes da África e Ásia. “Se analisarmos suas origens (das guerras e conflitos), vamos ver que o principal fator é a fome, miséria e falta de alimentos”, ressaltou.

O indicado brasileiro ao Nobel defendeu o incentivo às tecnologias que revolucionaram a agricultura tropical. De acordo com Paolinelli, o Brasil tem 7 milhões de hectares irrigados, mas possui capacidade de irrigar mais de 35 milhões apenas utilizando as águas superficiais. “Podemos colocar essa agricultura num sistema de irrigação que já existe no Brasil, que já é praticada em mais de 2,5 milhões de hectares no planalto central brasileiro. Temos capacidade de produzir até 3 safras por ano”, destacou.


O ex-ministro destacou ainda a importância da integração lavoura-pecuária-floresta. “Já está comprovada que ela será a forma de ampliar a capacidade de produção brasileira sem abrir novas áreas, recuperando pastagens degradadas e produzindo alimentos com qualidade nelas. Podemos incrementar mais de 100 milhões de hectares de produção de grãos sem prejudicar qualquer outra área brasileira. Temos tecnologia para evitar que se faça a degradação das áreas amazônicas. Temos um arsenal para combater esses erros que ainda existem e que podem ser corrigidas”, disse.

Histórico


Natural de Bambuí (MG), Alysson Paulinelli nasceu em 10 de julho de 1936. Cursou o científico no Instituto Gammon, em Lavras (MG), onde se formou, em 1959, engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura, da qual foi presidente do centro acadêmico entre 1956 e 1958. Em 1959, tornou-se professor de hidráulica, irrigação e drenagem da instituição, por cuja cadeira seria responsável até 1990.

Professor, secretário de Agricultura de Minas Gerais por três vezes e deputado federal no período da Constituinte, Paolinelli foi o grande defensor da tecnologia e da inovação e criou 26 representações da Embrapa em várias regiões do país durante sua passagem pelo Ministério da Agricultura.

Em 2006, foi premiado com o The World Food Prize pelo incentivo à agricultura tropical brasileira na evolução da oferta de alimentos no mundo. Atualmente, é presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), embaixador da Boa Vontade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e presidente do Instituto Fórum do Futuro.

Nobel da Paz


Até o dia 31 de janeiro, o Comitê Nobel Norueguês, formado por pessoas indicadas pelo congresso da Noruega, recebe as indicações de todo o mundo para a premiação.

Entre fevereiro e março, o comitê faz uma short list (uma lista mais enxuta) com os candidatos escolhidos. A partir daí, uma análise mais profunda das indicações é feita até outubro, quando é anunciada a escolha.

O Nobel da Paz será entregue na primeira quinzena de dezembro, em Oslo, capital da Noruega. O premio é concedido anualmente “para a pessoa que tenha feito o maior ou o melhor trabalho pela fraternidade entre nações, pela abolição ou redução dos exércitos permanentes e pela manutenção e promoção de congressos de paz”.

Fonte: Revista GLOBO RURAL