O dado revela que o País tem muito a ganhar em produtividade no campo, com o franco uso de ferramentas digitais. O assunto foi um dos temas tratados no programa “DBO Entrevista” desta segunda-feira (22/3)

Mesmo com números expressivos de produção de carne bovina – 7,75 milhões de toneladas em 2020, segundo o IBGE, e novo recorde de grãos para a safra 2020/2021, com previsão de 272,3 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento, haveria mais espaço para a produção agropecuária do País crescer ainda mais? A resposta é sim.

Isso porque o produtor brasileiro ainda não consegue acessar amplamente uma série de ferramentas digitais para ampliar a produtividade, seja na pecuária, seja na agricultura. A falta de conectividade no campo foi um dos temas debatidos pelo executivo Alfredo Miguel Neto, diretor de Assuntos Corporativos da John Deere para a América Latina, no programa DBO Entrevista, que foi ao ar nessa segunda-feira (22/3).

O agro sustenta o PIB brasileiro, mesmo com 71% das propriedades sem acesso à Internet. Quer dizer que a maioria dos produzem não acessam tecnologias em aplicativos nas máquinas agrícolas”, diz o executivo Alfredo Miguel Neto, diretor de Assuntos Corporativos da John Deere para a América Latina.

Digitalização no campo é o que influenciará cada vez mais em ganho de produtividade

Miguel Neto se refere aos mais recentes dados do Censo Agropecuário, de 2017, do IBGE. A pesquisa aponta que dos 5,07 milhões de estabelecimentos rurais no País, 71,8% não têm conexão, o que representa 3,64 milhões de propriedades sem internet. Para ele, com o gradativo aumento da cobertura digital no campo, com mais produtores contando com serviços inovadores para as fazendas, mais a produtividade aumentará.

ILPF

O executivo da John Deere também falou sobre a evolução tecnológica do campo, especialmente o franco desenvolvimento da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) pelo Brasil, um dos temas que estão no radar da John Deere. A companhia abraçou a causa e defende o avanço de sistemas de integração, através de uma parceria de três décadas com Embrapa, e, desde 2012, como uma das empresas associadas à Rede ILPF.

“Hoje no Brasil nós já temos 17,7 milhões de hectares em integração e nós queremos em 2030 chegar em 30 milhões de hectares”, diz Miguel Neto.

As contas que o executivo faz integram parte do radar da própria pesquisa agronômica do País, que é justamente elevar a produtividade da área de pastos improdutivos no País, e que se refere à metade da área de 180 milhões de hectares.

Gado em pastagem com integração-Lavoura-Pecuária-Floresta. Fazenda Santa Brígida, em Ipameri-GO. Foto: Embrapa

Caso 50% disso fosse incorporado aos quase 18 milhões de hectares de integração no País, o Brasil poderia sequestrar da atmosfera 1,3 bilhão de toneladas de CO2 equivalente, um dos importantes gases de efeito estufa, relacionados ao aquecimento global.

“É um dado importantíssimo para o mundo entender como o agro brasileiro é extremamente profissional, com tecnologias que foram implementadas nos últimos 40 anos”, diz.

Mais apoio no ensino

O avanço de tecnologias de integração não dependerá apenas da troca de informações entre pecuaristas, ou mesmo com Dias de Campo em fazendas experimentais de centros de pesquisas, mas com um maior apoio do ensino técnico e universitário.

Para Miguel Neto, os cursos ainda não estão preparando profissionais que possam lidar na prática com a implementação de sistemas de integração.

“Nossas escolas, tanto técnicas como universidades, precisam estar atualizadas de que maneira esses profissionais vão ser formados. Muitos saem mais especializados na soja, ou no milho, ou na floresta. No entanto é precisamos de profissionais mais habilitados num sistema produtivo total de uma fazenda”, diz o executivo da John Deere.

Fonte: portaldbo.com.br