Tendência de alta no mercado reflete a enorme escassez de oferta de boiadas gordas e a necessidade maior dos frigoríficos em preencher rapidamente as suas escalas de abate

Conforme foi antecipado pelos analistas de mercado, neste fim de maio, o mercado brasileiro do boi gordo começa a esboçar movimentos mais consistentes de alta na arroba, deixando para trás o ambiente de estabilidade das semanas anteriores.

Com escalas de abate mais curtas, os frigoríficos têm mostrado um maior apetite pelas compras de boiadas, mas a oferta de gado continua bastante enxuta em todas as regiões pecuárias, resultando em valorização da arroba em algumas praças importantes do País.

Foi o caso das regiões paulistas, onde a cotação do boi gordo subiu R$ 2/@ nesta quinta-feira, 27 de maio, em relação ao dia anterior, para R$ 310/@ (preço bruto e à vista), segundo apurou a Scot Consultoria.

As outras categorias de abate, ou seja, a vaca e a novilha gorda, também registraram o mesmo acréscimo de R$ 2/@, fechando o dia valendo R$ 287/@ e R$ 301/@, respectivamente, nas mesmas praças de São Paulo.

Para bovinos padrão exportação, abatidos mais jovens (até 30 meses de idade), os negócios no mercado paulista estão ocorrendo em R$ 315/@, acrescenta a Scot.

Segundo informa a IHS Markit, os poucos lotes de animais disponíveis no mercado são provenientes principalmente do confinamento e, devido aos altos custos da nutrição, os preços pedidos pelos pecuaristas são mais altos.

“As indústrias frigoríficas tentam adiantar as suas escalas até a primeira semana do mês de junho, período de maior consumo, em função do recebimento da massa salarial”, observa a IHS, justificando a maior procura pelo gado neste momento.

No entanto, continua a consultoria, há muitos relatos de dificuldade na aquisição de animais, que são feitas de modo geral por meio de lotes pequenos.

“Já existem relatos de plantas que pretendem adotar novo período de férias coletivas em função da escassez de matéria-prima”, informa a IHS.

Os pecuaristas de grande porte seguem buscando confinar a maior quantidade de animais possíveis, mirando os negócios ao longo do segundo semestre.

Enquanto isso, observa a IHS, os contratos futuros do boi gordo já mostram um dinâmica de preços mais firmes para a segunda metade do ano, refletindo a menor oferta de boiadas e a expectativa de retomada do consumo doméstico de carne bovina, depois do avanço das vacinações contra a Covid-19 e, consequentemente, do maior afrouxamento das medidas de isolamento social.

Na B3, os contratos para vencimento em outubro/21 giram hoje em torno de R$ 342/@.

Porém, segundo apurou a IHS, os confinadores de pequeno e médio portes ainda preferem fechar parcerias com os boiteis, uma tentativa de fugir dos altos custos da nutrição.

Giro pelas praças – Na região Sul do País, especificamente no Rio Grande do Sul, há uma grande escassez de oferta de boiadas, o que ajuda a manter os preços da arroba bastante firmes, com viés altista, segundo informa a IHS Markit.

Nesta quinta-feira, os preços da arroba também esboçaram tendência de alta nos Estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, tanto em função da oferta escassa de boiada gorda como pela presença de compradores de gado de regiões vizinhas.

Nas regiões Norte e Nordeste, destaque para firmeza dos preços da arroba em Rondônia e Maranhão. Em Rondônia, relata a IHS, as escalas encurtaram e reforçou novos movimentos de alta na arroba. Nas demais regiões pecuárias, apesar da estabilidade, os preços dão sinais de firmeza.

No mercado atacadista, os preços dos principais cortes bovinos, assim como do couro e sebo industrial, permaneceram estáveis nesta quinta-feira.

“A demanda pela proteína bovina segue concentrada em cortes do dianteiros e ponta de agulha, com relatos de grande represamento do traseiro, em função do preço elevado dos cortes”, informa a IHS.

O movimento de reposição de estoque ao longo da semana ficou abaixo das expectativas do mercado, assim como o consumo, avalia a consultoria.

Varejistas e distribuidoras seguem aguardando a primeira semana de junho, período que sazonalmente apresenta aumento de consumo da proteína vermelha, devido à entrada de dinheiro na conta dos trabalhadores.

Dados Cepea – Em nota divulgada nesta quinta-feira, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) reforça a manutenção da arroba em patamares altos de preços neste mês de maio (acima de R$ 300/@), apesar das quedas registradas no mês.

Os preços altos, diz o Cepea, se deve à demanda internacional aquecida e à menor oferta de animais para abate.

Dados divulgados neste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam esse cenário de disponibilidade reduzida de animais, relata o Cepea.

No primeiro trimestre deste ano – quando a arroba paulista chegou a ser negociada na casa dos R$ 315 –, a quantidade de animais abatidos no País somou 6,64 milhões, 0 que representou queda de quase 10% na comparação com o trimestre anterior e também sobre os dados do primeiro trimestre de 2020.

O volume abatido de janeiro a março de 2021 foi, também, o menor em 12 anos, relembra o Cepea.

Cotações desta quinta-feira, 27 de maio, segundo dados da IHS Markit:

SP-Noroeste:

boi a R$ 310/@ (prazo)
vaca a R$ 292/@ (prazo)

MS-Dourados:

boi a R$ 297/@ (à vista)
vaca a R$ 285@ (à vista)

MS-C.Grande:

boi a R$ 300/@ (prazo)
vaca a R$ 285/@ (prazo)

MS-Três Lagoas:

boi a R$ 298/@ (prazo)
vaca a R$ 283/@ (prazo)

MT-Cáceres:

boi a R$ 303/@ (prazo)
vaca a R$ 292/@ (prazo)

MT-Tangará:

boi a R$ 303/@ (prazo)
vaca a R$ 292/@ (prazo)

MT-B. Garças:

boi a R$ 299/@ (prazo)
vaca a R$ 287/@ (prazo)

MT-Cuiabá:

boi a R$ 301/@ (à vista)
vaca a R$ 290/@ (à vista)

MT-Colíder:

boi a R$ 300/@ (à vista)
vaca a R$ 287/@ (à vista)

GO-Goiânia:

boi a R$ 295/@ (prazo)
vaca R$ 282/@ (prazo)

GO-Sul:

boi a R$ 295/@ (prazo)
vaca a R$ 282/@ (prazo)

PR-Maringá:

boi a R$ 300/@ (à vista)
vaca a R$ 285/@ (à vista)

MG-Triângulo:

boi a R$ 302/@ (prazo)
vaca a R$ 285/@ (prazo)

MG-B.H.:

boi a R$ 300/@ (prazo)
vaca a R$ 285/@ (prazo)

BA-F. Santana:

boi a R$ 290/@ (à vista)
vaca a R$ 280/@ (à vista)

RS-Porto Alegre:

boi a R$ 307/@ (à vista)
vaca a R$ 292/@ (à vista)

RS-Fronteira:

boi a R$ 307/@ (à vista)
vaca a R$ 292/@ (à vista)

PA-Marabá:

boi a R$ 290/@ (prazo)
vaca a R$ 288/@ (prazo)

PA-Redenção:

boi a R$ 291@ (prazo)
vaca a R$ 286/@ (prazo)

PA-Paragominas:

boi a R$ 296/@ (prazo)
vaca a R$ 281/@ (prazo)

TO-Araguaína:

boi a R$ 298@ (prazo)
vaca a R$ 2878/@ (prazo)

TO-Gurupi:

boi a R$ 296/@ (à vista)
vaca a R$ 288/@ (à vista)

RO-Cacoal:

boi a R$ 291/@ (à vista)
vaca a R$ 280/@ (à vista)

RJ-Campos:

boi a R$ 2901/@ (prazo)
vaca a R$ 275/@ (prazo)

MA-Açailândia:

boi a R$ 286@ (à vista)
vaca a R$ 268/@ (à vista)

Fonte: portaldbo.com.br