Analistas apostam que a China está prestes a abrir novamente os negócios com o Brasil; alguns acreditam que tal decisão pode ocorrer nesta sexta-feira, 17 de setembro

O assunto que mais movimentou o mercado pecuário brasileiro nesta semana foi a ausência de uma resposta do governo da China com relação ao entrave comercial ocasionado pelo registro de dois casos atípicos de vaca louca (Encefalopatia Espongiforme Bovina-EEB) no Brasil, confirmados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no início de setembro.

“Toda a expectativa agora está para 17/09”, relata o médico veterinário Leandro Bovo, sócio e diretor da Radar Investimentos, referindo-se à possibilidade de reabertura do mercado chinês nesta sexta-feira, 17 de setembro.

Na quarta-feira (15/9), o portal DBO publicou matéria com o engenheiro agrônomo e doutor em economia Alexandre Mendonça de Barros, sócio consultor da MB Agro, que também levantou a hipótese da ocorrência, ainda nesta sexta-feira, de uma mensagem oficial (favorável aos embarques brasileiros) por parte do governo chinês.

Embora não tenha mencionado datas, analistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) não acreditam que o impasse comercial entre o Brasil e a China deva se arrastar por muito tempo.

“Agentes consultados pelo Cepea acreditam em rápida reversão da suspensão imposta pela China, fundamentados na baixa oferta mundial da proteína e na consequente dependência do país asiático pela proteína brasileira”, diz nota divulgada nesta quinta-feira pelo Cepea.

Segundo Bovo, não faltam boatos e rumores de quando a suspensão chinesa seria levantada e “as maiores apostas ficam para 17/09”.

Tal aposta leva em consideração o histórico recente envolvendo o registro de um caso atípico de vaca louca no Mato Grosso, em 2019.

Na ocasião, o Brasil também suspendeu voluntariamente os embarques à China (como medida preventiva, como estabelece o acordo bilateral entre ambos), retomando as compras de carne bovina brasileira 13 dias depois  – exatamente o mesmo intervalo de tempo de embargo (iniciado em 4 de setembro) que se completará nesta sexta-feira.

Além disso, continua o diretor da Radar Investimentos, na semana que vem, a China terá um feriado prolongado, “de modo que se alguma posição oficial não for comunicada amanhã (sexta-feira), ficaria provavelmente para o final da próxima semana, prolongando o sofrimento de todos no mercado”.

Na mesma linha da nota divulgada pelo Cepea, o analista Hyberville Neto também acha “menos provável” o alongamento da suspensão chinesa.

“Quanto mais tempo a China ficar fora das compras, menor a disponibilidade de boiadas mais jovens para os estoques do ano Novo Chinês”, diz ele, que acrescenta: “Será o primeiro final de ano com a pandemia controlada, o que deve colaborar com o escoamento doméstico, ainda que haja indicadores deixando a desejar, como a inflação”.

Na avaliação de Leandro Bovo, a cada dia que se passa sem a conclusão do impasse com a China, aumenta a apreensão de pecuaristas, frigoríficos e todos ligados à pecuária de corte no Brasil.

“Talvez mais importante do que quando a China voltará às compras, seja a sua decisão com relação à carne já produzida e certificada para esse mercado, estocada nos portos e câmaras frias das indústrias”, observa ele.

Segundo o diretor da Radar Investimentos, o volume exato produzido e não embarcado ao mercado chinês “é difícil de se saber”, porém, continua ele, “os números convergem para algo ao redor de 100 mil toneladas, quantidade que, se for verdadeira, é mais do que um mês inteiro de exportação para esse mercado”.

“Com o custo da estocagem de produtos congelados altíssimo, o escoamento desse produto deve ser a prioridade número 1 das indústrias e, caso não ocorra na velocidade e nas condições mais favoráveis, tende a causar impactos negativos mesmo que a liberação de novos embarques ocorra no curto prazo”, avalia Bovo.

Fonte: portaldbo.com.br