Preços continuam subindo em praticamente todas as praças pecuárias; em SP, macho terminado é negociado por até R$ 320/@, enquanto a vaca pronta para abater vale R$ 300/@, segundo a IHS Markit

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Finalmente, a China sinalizou uma resposta positiva ao mercado pecuário brasileiro, abrindo as portas de seu país para a entrada de lotes de carne bovina nacional que receberam o certificado sanitário até o dia 3 de setembro, ou seja, um dia antes do embargo comercial que tanto prejudicou a cadeia da carne no Brasil – os mais atingidos foram os recriadores e invernistas, que viram os preços da arroba bovina despencar nos meses de setembro e outubro, enquanto amargavam os altos custos da nutrição (especialmente do milho) e dos animais de reposição.

A boa notícia chinesa desta terça-feira (23/11) chega bem no momento de forte recuperação nos preços da boiada terminada.

Em São Paulo, o macho terminado chegou ao pico de R$ 320/@, enquanto a vaca pronta para abater gira em R$ 300/@, segundo dados apurados da IHS Markit.

“Apesar de ainda haver dúvidas, as expectativas sugerem que, gradualmente, a situação deve estar se acertando entre ambos os países”, acreditam os analistas da IHS, referindo-se à insistência do governo chinês em manter o embargo ao produto brasileiro.

Segundo a IHS, hoje, o mercado físico de boiada gorda voltou a registrar altas generalizadas entre as principais praças pecuárias do Brasil.

Como mencionado acima, o movimento de alta de preços na arroba já estava consolidado no mercado do gordo mesmo diante do bloqueio dos embarques à China, disparado o principal cliente mundial do produto brasileiro.

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“A dificuldade entre as unidades de abate em preencher as suas escalas adequadamente tem criado um cenário de valorização consistente na arroba”, relata a IHS. “A escassez de animais prontos para abate neste momento atual pavimentou a recuperação dos preços da boiada para as máximas registradas neste ano, que eram vistas antes da suspensão chinesa”, reforça a consultoria.

De certa forma, continua a IHS, as indústrias frigoríficas ainda buscam resistir ao movimento altista da arroba, preocupadas com o repasse de custo aos preços da carne bovina.

“O consumo doméstico tem evoluído aparentemente bem, mas os frigoríficos seguem aguardando mais novidades com relação ao retorno das vendas ao mercado chinês”, diz a IHS.

Entre as praças pecuárias brasileiras, destaque para novas altas da arroba no interior de São Paulo e em Minas Gerais (veja abaixo as cotações desta terça-feira de machos e fêmeas nas principais regiões do País).

Na avaliação da consultoria Agrifatto, independentemente da duração do conflito comercial entre Brasil e China, dificilmente o preço do boi gordo recuará nas próximas duas semanas. “No entanto, o cenário de médio prazo é um pouco mais nebuloso e, por isso, para aqueles que detêm animais para a entrega no segundo trimestre de 2022, a recomendação é de trava (operação de hedge no mercado futuro) de ao menos 50% dos animais a serem entregues nesse período”.

A operação mais interessante para realizar esse travamento é por meio da venda de futuros para os vencimentos de jan-fev-mar/22 a valores acima dos R$ 325/@ atuais, sugere a IHS.

No atacado, o cenário é de preços firmes, embora novos ajustes ainda ocorram de forma pontual entre as indústrias, informa a IHS.

O foco dos frigoríficos é não prejudicar a consistente dinâmica do escoamento da carne bovina, acrescenta a consultoria.

“A oferta ajustada à demanda tem sustentado os preços dos principais cortes bovinos, uma vez que o fluxo do abate de animais nas plantas frigorificas segue cadenciado, em função da dificuldade de compra de gado”, ressalta a IHS.

Embarques em queda – Em relação ao mercado externo, a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) reportou que a média diária exportada de carne bovina in natura durante as três primeiras semanas de novembro ficou em 4,90 mil toneladas por dia, volume 41,6% inferior à média de novembro de 2020, mas um avanço de 19,1% frente à média de outubro de 2021.

“A presença de outros mercados consumidores continua auxiliando na retomada dos embarques, mas o desempenho atual está longe das máximas vistas nos meses anteriores, antes da saída da China”, observa a IHS Markit.

Até o momento, novembro/21 totaliza 58,75 mil toneladas do produto enviadas para fora do País, com receita acumulada de US$ 289,76 milhões.

“Caso concretize esse padrão pelos próximos oito dias úteis, o volume exportado pelo Brasil deve ficar em torno das 95 mil toneladas”, prevê a Agrifatto.

Outra boa notícia – A Rússia, que já foi um dos principais países importadores de carne bovina brasileira, comunicou ao governo brasileiro que irá abrir uma cota de 300 mil toneladas para importações de carnes com isenção tarifária, sendo 200 mil toneladas para a carne bovina e 100 mil para a suína.

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Segundo a Agrifatto, em 2021, a Rússia foi responsável por adquirir 16,27 mil toneladas de carne bovina in natura brasileira, o menor volume desde o ano de 2018.

A última vez que os russos importaram uma quantidade de carne bovina acima de 200 mil toneladas em um ano foi em 2014, relembra a Agrifatto.

Na ocasião, 309,02 mil toneladas foram embarcadas para o mercado russo, volume 19 vezes superior ao que foi visto até outubro deste ano.

A Rússia já vem diminuindo as suas compras de proteína bovina brasileira desde 2014, movimento que reduziu a participação do país nas exportações do Brasil para algo em torno de 2%, ante os mais de 30% observados anteriormente, informa a Agrifatto.

O consumo interno e as importações totais da Rússia de carne bovina recuaram 30% e 68%, respectivamente, nos últimos dez anos.

“Ou seja, mesmo com a isenção tarifária conquistada pelo Brasil para 200 mil toneladas, o desafio em embarcar mais proteína bovina para Rússia está em fazer o país aumentar o seu nível de consumo para o que era em 2012”, relata a IHS.

Na avaliação da consultoria, os embarques brasileiros devem crescer a partir dos próximos meses com essa isenção tarifária, mas dificilmente chegará a 20% da média mensal chinesa em 2021, que seria de 14 mil toneladas/mês, compara.

Notícia preocupante – Uma outra notícia recente que esquentou o mercado brasileiro foi a de que a associação que representa os pecuaristas norte-americanos reivindicaram a suspensão das importações de carne bovina brasileira, alegando que o Brasil não é eficiente em reportar casos de vaca louca à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês).

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“Esse movimento ocorre num momento em que as importações de carne bovina brasileira pelos norte-americanos vêm ganhando espaço”, observa a Agrifatto. Somente nos 10 primeiros meses deste ano, o volume de carne bovina in natura exportada para os EUA já é o maior registrado dentro dos últimos 21 anos (48 mil toneladas).

Na avaliação da Agrifatto, a iniciativa dos norte-americanos nada mais é que pressões feitas pelos lobistas na tentativa de frear a entrada da proteína brasileira no país.

“Mas é um fator de atenção, já que os EUA é um dos poucos países que poderiam reduzir a dependência brasileira da China, visto que os norte-americanos são o segundo maior importador mundial de proteína bovina”, relatam os analistas da Agrifatto.

Segundo a consultoria, o setor pecuário brasileiro deve acompanhar de perto as decisões do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em relação aos embarques de carne brasileria, “afim de evitar sanções incoerentes como as que sofremos dos chineses”.

Cotações máximas desta terça-feira, 23 de novembro, segundo dados da IHS Markit:

SP-Noroeste:

boi a R$ 320/@ (prazo)
vaca a R$ 300/@ (prazo)

MS-Dourados:

boi a R$ 310/@ (à vista)
vaca a R$ 286/@ (à vista)

MS-C.Grande:

boi a R$ 305/@ (prazo)
vaca a R$ 290/@ (prazo)

MS-Três Lagoas:

boi a R$ 304/@ (prazo)
vaca a R$ 286/@ (prazo)

MT-Cáceres:

boi a R$ 295/@ (prazo)
vaca a R$ 284/@ (prazo)

MT-Tangará:

boi a R$ 294/@ (prazo)
vaca a R$ 285/@ (prazo)

MT-B. Garças:

boi a R$ 298/@ (prazo)
vaca a R$ 283/@ (prazo)

MT-Cuiabá:

boi a R$ 296/@ (à vista)
vaca a R$ 281/@ (à vista)

MT-Colíder:

boi a R$ 296/@ (à vista)
vaca a R$ 280/@ (à vista)

GO-Goiânia:

boi a R$ 300/@ (prazo)
vaca R$ 288/@ (prazo)

GO-Sul:

boi a R$ 305/@ (prazo)
vaca a R$ 290/@ (prazo)

PR-Maringá:

boi a R$ 310/@ (à vista)
vaca a R$ 291/@ (à vista)

MG-Triângulo:

boi a R$ 320/@ (prazo)
vaca a R$ 296/@ (prazo)

MG-B.H.:

boi a R$ 310/@ (prazo)
vaca a R$ 296/@ (prazo)

BA-F. Santana:

boi a R$ 296/@ (à vista)
vaca a R$ 286/@ (à vista)

RS-Porto Alegre:

boi a R$ 315/@ (à vista)
vaca a R$ 297/@ (à vista)

RS-Fronteira:

boi a R$ 315/@ (à vista)
vaca a R$ 297/@ (à vista)

PA-Marabá:

boi a R$ 293/@ (prazo)
vaca a R$ 286/@ (prazo)

PA-Redenção:

boi a R$ 291/@ (prazo)
vaca a R$ 286/@ (prazo)

PA-Paragominas:

boi a R$ 289/@ (prazo)
vaca a R$ 283/@ (prazo)

TO-Araguaína:

boi a R$ 298/@ (prazo)
vaca a R$ 283/@ (prazo)

TO-Gurupi:

boi a R$ 2896/@ (à vista)
vaca a R$ 281/@ (à vista)

RO-Cacoal:

boi a R$ 288/@ (à vista)
vaca a R$ 279/@ (à vista)

RJ-Campos:

boi a R$300/@ (prazo)
vaca a R$ 286/@ (prazo)

MA-Açailândia:

boi a R$ 280/@ (à vista)
vaca a R$ 266/@ (à vista)

Fonte: portaldbo.com.br