29 de junho de 2022

Crise logística causada pela pandemia de covid-19 e pelo confronto no Leste Europeu faz preços de fretes marítimos dispararem

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O transporte marítimo é responsável por 90% da transação de mercadorias internacionais, e duas grandes crises mundiais em sequência acentuaram o gargalo do setor, criando uma enorme instabilidade logística.

Quando o comércio internacional começava a dar sinais de recuperação após as incertezas mais intensas causadas pela pandemia de covid-19, o conflito entre Rússia e Ucrânia desequilibrou a balança novamente. A suspensão de algumas rotas marítimas, grandes filas nos portos e o aumento dos custos de fretes, contêineres e navios são alguns dos desafios que o setor enfrenta, e os produtores que precisam escoar a produção podem não ver uma solução tão cedo.

Início da crise no mar

Com a confirmação da pandemia causada pelo coronavírus e a rápida transmissão da doença de forma internacional, muitos portos fecharam e outros trabalharam com mão de obra reduzida e várias restrições. Os navios chegavam a fazer quarentena de duas semanas antes de poderem desembarcar, e as filas só aumentavam.

Extensas filas em portos se tornaram comuns depois da pandemia e do agravamento da crise logística. (Fonte: Pexels/Reprodução)

Em um movimento inesperado, o comércio internacional não freou e reassumiu uma tendência de aumento rapidamente, isso porque as pessoas investiram um dinheiro que não poderiam utilizar em serviços e bens materiais. Logo, o gargalo logístico apareceu, e países com maior poder financeiro concentraram a circulação de contêineres, por isso o preço dos fretes disparou.

Disparada do preço de fretes e navios

Para embarcar um contêiner de frutas para os Estados Unidos em 2020, produtores brasileiros pagavam cerca de US$ 4 mil; atualmente, o valor é de US$ 11 mil, e os preços para importação também dispararam. Entre o início de 2020 e o fim de 2021, o preço do frete de um contêiner vindo da Ásia para o Brasil subiu quase 500%. Especialistas afirmam que os valores não têm data para baixar e que esse pode ser o “novo normal”.

O conflito no Leste Europeu acentuou o desequilíbrio no setor. Com as principais potências do mundo tentando assegurar a normalidade das rotas, do abastecimento interno e da distribuição de produtos, os preços de fretes e navios dispararam.

O preço dos navios teve aumento de 35% a 50%, por isso as embarcações que transportam até 15 mil contêineres de 20 pés chegaram a um patamar de preços entre US$ 100 milhões e US$ 110 milhões. Os navios com capacidade de transporte de 20 mil a 24 mil contêineres chegaram a custar US$ 150 milhões.

A corrida aos estaleiros gerou problemas para armadores do mundo todo. Com dificuldade em renovar a frota, as empresas estão tentando aumentar a vida útil dos navios, utilizando-os por dois anos ou três anos a mais do que os costumeiros 20 anos. O problema é que navios mais antigos geram maiores custos de manutenção e mais gastos com combustível.

Os navios operam com capacidade máxima para dar conta da crise logística. (Fonte: Pexels/Reprodução)

Ainda assim, os especialistas indicam cautela na compra de novos navios em um mercado de preços inflacionados, visto que o tempo de espera por novas embarcações, que costumava variar entre nove meses e 12 meses, agora está entre dois anos e três anos.

Soluções para a crise logística

Infelizmente, para produtores e consumidores, os preços altos dos fretes devem continuar afetando os produtos. As soluções para o setor são de longo prazo; em 2022, espera-se que a oferta e a demanda de contêineres e fretes se equilibre, mas não que os preços voltem aos patamares pré-pandêmicos.

Os produtores brasileiros ainda enfrentam a crise com o aumento dos combustíveis para o transporte rodoviário e agora veem o preço atrelado ao dólar disparar. Uma das soluções esperadas pelo setor é o investimento em novas ferrovias, o que deve fazer a participação do modal dobrar nos próximos 15 anos.

Por ora, para resolver a questão dos fretes e da busca por fertilizantes, o governo brasileiro e o agronegócio procuram parcerias, como o Canadá, para suprir os fertilizantes russos e rotas alternativas para conseguir fretes mais baratos.

Fonte: Estadão, Ecommerce Brasil