Entidade cria um grupo de estudos para acompanhar os desdobramento do mercado interno e externo

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou neste sábado, 21 de março, uma análise sobre o atual cenário impactado pela pandemia da Covid-19 para o agro. As informações sobre as principais commodities produzidas no País, mais mercado interno e externo, de acordo com a entidade, tem por objetivo garantir o abastecimento de alimentos para a população. Elas servem, também, para garantir que os produtores continuem produzindo.

No dia 11 de março a Organização Mundial da Saúde decretou Pandemia do novo coronavírus. Desde estão os estados e o governo federal têm adotado medidas emergenciais para conter a disseminação da doença no País.

Para monitorar a crise que vem sendo provocada pelo coronavírus, a CNA criou um grupo de monitoramento de cenários. Confira:

Produtos

Para as principais commodities agrícolas, como soja, milho e café, houve queda nos preços internacionais. No entanto, em função da alta do dólar, os preços reais não foram impactados. Para o setor sucroenergético e o algodão, o maior problema foi a guerra do petróleo entre Rússia e Arábia Saudita, que derrubou os preços nestes setores.

Boi gordo

Mercado do boi gordo tem viés de baixa. Foto: DBO

O mercado do boi gordo iniciou a semana com pressão dos frigoríficos, reduzindo os valores ofertados em relação à semana anterior. Mas por falta de negócios na segunda, o indicador Cepea se manteve estável.

Ao longo da semana , poucas negociações ocorreram, derrubando a cotação. Com isso, a escala dos frigoríficos foi reduzida, forçando a elevação dos preços na quinta e na sexta.

Os três maiores frigoríficos anunciaram férias coletivas em alguma das suas unidades, fator que deverá pressionar a cotação na semana que vem, data que as plantas efetivamente irão interromper suas atividades.

Aves e suínos

Ao contrário dos frigoríficos de bovinos, as plantas de aves e suínos garantiram que não vão interromper sua produção. Mas a queda no food service preocupa. As empresas já sentiram queda de 10 a 15% nos pedidos. Por outro lado, os pedidos das redes de atacado e varejo aumentaram. Na parte da exportação, a falta de contêineres tem dificultado as vendas de proteínas animais.

Aquicultura

A queda no consumo do food service preocupa a cadeia da aquicultura. A comercialização de camarão, por exemplo, teve queda de 80%, mas aumentou 20% nas vendas no varejo.

Frutas

A demanda por frutas e hortaliças nos supermercados cresceu de 20% a 30% nos primeiros dias de intensificação da pandemia. A comercialização no varejo representa em torno de 53% das movimentações desses produtos. Por outro lado, a procura em redes de fast food, bares e restaurante caiu drasticamente. Com a ordem de fechamento em grandes cidades, espera-se que demanda recue a níveis nunca vivenciados pelo setor.

Flores

A intensificação da crise poderá colocar em xeque o desempenho do setor. No caso das flores de vaso, comercializadas principalmente nos supermercados, houve redução de 50% na demanda. No caso das flores de corte, a redução já supera 70% devido à proibição massiva de grandes eventos, redução da circulação e mesmo pela alteração momentânea do padrão de consumo das famílias, que passam a priorizar bens básicos em momentos de crise.

Mercados

Exportações para China aumenta no último período. Foto: divulgação

China

O escritório da CNA em Xangai não identificou interrupção de importações de bens agropecuários devido à pandemia da Covid-19. Mas o cancelamento de rotas marítimas já resulta em atrasos no transporte internacional.

O escritório também apurou que comércio de grãos, óleos e alimentos registrou aumento de 9,7% entre os meses de janeiro e fevereiro de 2020 – apesar da queda das vendas totais do varejo em 20,5% nos dois primeiros meses do ano.

A “corrida” dos consumidores aos supermercados é a provável causa do aumento das vendas de itens básicos para a dieta chinesa. As vendas de alimentos online também cresceram 3% no mesmo período.

União Europeia

Ainda sem impactos expressivos no comércio com o Brasil. Hoje as medidas restritivas estão muito mais focadas na redução da movimentação de pessoas do que na circulação de mercadorias.

Estados Unidos

Assim como na UE, ainda não se percebeu nenhum impacto no comércio. O governo norte-americano tem tomado medidas mais focadas na saúde das pessoas e garantiu que a produção de alimentos não para.

Arábia Saudita

Houve aumento de demanda por fornecedores brasileiros para suprir o mercado interno.

Exportadores brasileiros e importadores relatam atraso na liberação de cargas no porto de Gidá. Aparentemente, o controle portuário está mais rígido. 

Fonte: Ascom

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