Saiba a quantas anda o consumo interno de carne bovina e por que a China pode dar fôlego ao mercado

Mercado tem cenário incerto para o consumo interno. Foto: PortalMS

O preço do boi gordo registrou bastante volatilidade ao longo desta semana, fechando a sexta-feira com viés de baixa nas principais praças pecuárias do Brasil.

“Os ajustes negativos da arroba ocorreram em função da dificuldade no escoamento da carne bovina ao segmento atacado”, relata a Informa Economics FNP, acrescentando que os estoques da proteína nas câmaras frias estão bastante cheios .

Segundo a consultoria, diante da nova realidade imposta pelo novo coronavírus, as indústrias tentam adequar as escalas de abate de acordo com a demanda pela carne, operando com a “venda casada”, isto é, compram a boiada apenas em conjunto com a venda dos cortes.

Essa estratégia de negócio “de mão para a boca” reflete o atual período de isolamento da população e de incertezas gerados pelo avanço do vírus mortal COVID-19 no País.

O fechamento de escolas, restaurantes e bares provoca não só uma diminuição no escoamento de carne, mas também uma alteração na dinâmica do mercado, observa a FNP. “Embora ainda seja cedo para uma avaliação de curto prazo, já se nota uma redução nas vendas dos cortes nobres, tipicamente mais consumidos fora de casa”, destaca a consultoria.

Entrega de gado para a indústria tem sido volátil. Foto: divulgação

Movimento de resistência

Do lado da oferta, os pecuaristas também resistem em vender  a boiada a preços mais baixos e continuam segurando os animais nas pastagens, ainda em boas condições devido ao bom volume de chuvas dos meses anteriores.

“A ideia é represar os lotes por um tempo maior, para liquidá-los mais pesados, aumentando o rendimento da carcaça”, destaca a FNP.

Com o mercado interno enfraquecido, os produtores apostam numa retomada mais consistentes das exportações ao mercado da China, disparado o principal comprador mundial da carne bovina brasileira. “A expectativa é de que os importadores chineses retornem ativamente nas compras da carne nacional e, com o dólar em níveis elevados, as exportações possam atuar como válvula de escape frente a fraca demanda no mercado interno”, relata a FNP.

Abates em queda

O ritmo de abate de animais nas unidades com inspeção federal (SIF) do Braisl recuou 17,4% no primeiro trimestre de 2020 frente a igual período do ano passado, totalizando 4,97 milhões de cabeças abatidas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Em Mato Grosso, segundo dados do Instituto de Defesa Agropecuária do Mato Grosso (Indea – MT ), os abates de bovinos no Estado sofreram redução de 7,9% em março, na comparação com o mês anterior, totalizando 380,95 mil cabeças. “O Mato Grosso já demonstra os primeiros sintomas da paralisação de plantas frigoríficas”, comenta o boletim pecuário desta sexta-feira da Agrifatto.

Com várias plantas frigoríficas com operações paradas no MT, motivadas pelas incertezas em relação aos impactos ocasionados pelo novo coronavírus, o mês de abril deve reservar números ainda mais preocupantes”, avalia a consultoria.

Foco nas exportações

Câmara frigorífica tem ficado cheia por falta de demanda. Foto: Appa

No primeiro trimestre de 2020, o Brasil exportou 353,52 mil toneladas de carne bovina in natura, 5,1% superior a igual período de 2019. O volume embarcado é o maior registrado desde 2007, quando o Brasil se consolidou como um dos principais exportadores de carne bovina do mundo, segundo informa a consultoria FNP.

A receita, por sua vez, é recorde para o período trimestral, totalizando US$1,63 bilhão, um salto de 29,2% frente ao mesmo intervalo de2019. “Este valor é mais um indicativo da tendência de crescimento da representatividade do mercado externo no segmento pecuário brasileiro”, observa a FNP.

Fonte: portaldbo.com.br