O preço do bezerro bateu novo recorde nesta semana. Custava, na média, R$ 2.919,66 na quarta-feira (17/3). O valor se refere às praças de Mato Grosso do Sul, com alta de 21,6% desde o início do ano. Na comparação com o mesmo período de 2020, a valorização é de 62%. Para quem acompanha esse mercado, uma mudança silenciosa vem ocorrendo no comércio dessa categoria de animais: a venda não mais por unidade, mas por peso – quilo ou arrobas. A modalidade, que poucos adotavam, começa a entrar no radar.
“Já há bastante tempo que prefiro negociar bezerro e gado magro por arrobas. Isso tem cerca de 10 anos. Até nem compro animais se o fornecedor insistir na venda de animal por unidade”, diz o pecuarista André Luiz Perrone dos Reis, proprietário do Confinamento Monte Alegre (CMA), em Barretos (SP).
O posicionamento de Reis divide opiniões entre criadores de bezerros e terminadores de boi gordo. No entanto, segundo alguns analistas ouvidos pelo Portal DBO, em época de animal jovem cada vez mais valorizado, essa forma de comércio por peso soa mais justa.
“É um tema que deve começar a ser mais debatido, pois a compra por cabeça pode esconder o peso real do animal e dar prejuízo a quem está adquirindo o bezerro”, diz Maurício Palma Nogueira, sócio diretor da consultoria Athenagro.
Na ponta do lápis, para um sistema de recria/engorda, a compra de animais é o item que mais pesa no custo de produção da fazenda. Segundo o levantamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), de Cuiabá (MT), o custo da compra é de R$ 130,27 para cada arroba de carne produzida no sistema de recria/engorda. O valor corresponde a 57% do custo total de produção.
Segundo o engenheiro agrônomo Cleiton Gauer, gerente de inteligência de mercado do Imea, o índice de negócio por peso seria uma forma justa de comércio, já que, qualquer erro nessa conta pode fazer o terminador perder mais dinheiro.
Parabéns, Indicador!
Desde que foi criado em março de 1994 – completando 27 anos, agora em março – o Indicador de Bezerro, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), de Piracicaba (SP), sempre levou em conta o valor médio por animal. A base histórica de referência em Mato Grosso do Sul vem desde 1994, com a série do Indicador Bezerro publicada a partir de fevereiro de 2020.
“Tradicionalmente, Mato Grosso do Sul foi uma forte região produtora e fornecedora de bezerro, caracterizando regiões do Pantanal, onde há muita vaca e a dificuldade de engordar animais é maior. Por isso, quando o Indicador foi criado, o Estado permaneceu sendo uma referência para o País”, diz o economista agroindustrial Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea.
Apesar do Cepea observar esse tipo de comércio sendo feito, por ora, por quilos ou arrobas, o indicador, no entanto segue pelo valor em reais/animal. A mesma postura é a do Imea, que faz a conversão dos dados de Reais por arrobas para Reais por animal. “A mudança poderia ocorrer, desde que o mercado definisse, em sua maioria, por negociações em arrobas. Mas, lógico, sempre estamos atentos e, se necessário, buscaremos nos adaptar ao mercado”, explica Carvalho.
Acerte na conta
Se você, pecuarista vai vender ou comprar gado, Carvalho dá uma dica para ver se o valor negociado está de acordo com a realidade de sua região. Para ele, tradicionalmente, um bezerro desmamado pesa cerca de 180 a 210 quilos, e há um aumento crescente do peso durante o desmame até a venda do animal.
Por isso, o ideal é fazer a conversão de Reais por quilos para Reais por arrobas, para se ter um bom parâmetro. Lembrando que 1 arroba de animal vivo equivale a 30 quilos. Portanto um bezerro de 180 quilos tem 6 arrobas.
Então, considerando o valor de referência de R$ 2.919,66, caso o bovino tenha 180 quilos, basta dividir (2.919,66 por 180); o quilo é R$ 16,22. Para achar a arroba multiplica-se por 30 o valor de R$ 16,22, e o resultado é R$ 486,61.
Fonte: portaldbo.com.br