Tema foi debatido no programa DBO Em Foco dessa semana, que reuniu representantes da Acrimat, CNA e da Polícia Civil do município de Barra do Garças, em Mato Grosso

Arroba do boi gordo valorizada e rebanho engordado, por muitas vezes, com pouca vigilância tem despertado o interesse de criminosos. Num episódio reportado na edição de março da Revista DBO, em uma fazenda no município de Vila Rica, no extremo norte de Mato Grosso, bem próximo às divisas com Pará e Tocantins, 115 animais foram roubados por uma quadrilha de 10 homens armados.

O crime aconteceu em fevereiro deste ano, e é conhecido no jargão judicial por abigeato (furto de gado). Casos como esse preocupam – e muito – o trabalho de pecuaristas de todo o Brasil.

O programa DBO Em Foco, que foi ao ar na quarta-feira (14), debateu esse tema com o médico veterinário Francisco de Sales Manzi, diretor técnico da Associação de Criadores de Mato Grosso, Carlos Frederico Ribeiro, coordenador administrativo do Instituto da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Wilyney Santana Borges, titular da Delegacia Regional da Polícia Judiciária Civil de Barra do Garças.

“Antigamente você tinha um caso do furto, por um aproveitador que encontrava um animal dando ‘sopa’ e o abatia, jogava a carcaça na traseira de uma caminhonete e levava embora. O que se tem hoje é realmente quadrilhas profissionais”, disse Manzi.

No município de Barra do Garças, MT, uma iniciativa vem coibindo as ações criminosas na porção sudeste mato-grossense e na divisa com Goiás. O projeto piloto Fazenda Segura, implantado desde 2018, conseguiu reduzir 90% de crimes como esse. A ação envolveu um trabalho conjunto de pecuaristas, da polícia civil e da troca de mensagens instantâneas pelo WhatsApp.

A iniciativa foi inspirada num projeto desenvolvido no Estado de Goiás, e que foi articulado através da CNA. O trabalho começa com as delegacias regionais da polícia militar, identificando por georreferenciamento as propriedades rurais próximas.

Com a identificação e o estabelecimento de um contato mais direto com o produtor, ficou mais fácil diminuir os casos de abigeato na zona rural goiana, de roubos de defensivos agrícolas e até de máquinas e equipamentos.

“Nós conseguimos mostrar para as outras pessoas e as polícias militares de outros Estados que é possível, sim, dar uma certa atenção para o homem do campo com relação à questão da segurança pública”, diz Carlos Frederico Ribeiro, da CNA.

Valorização da arroba do boi tem sido um chamariz para crimes de abigeato pelo País. (Foto: Arquivo DBO)

O projeto adaptado na zona rural do munícipio de Barra do Garças, contou também com uma desburocratização do boletim de ocorrência, que pode ser feito online ou, depois, presencialmente na delegacia. O mais importante é a transmissão de mensagens instantâneas assim que perceber algo suspeito.

“Esse contato entre os produtores rurais e a segurança é o que tem feito a diferença para queda desses números roubos nas fazendas”, afirma Borges.

Outro ponto importante destacado pelo delegado é, se for constatado algum crime, é deixar os vestígios do roubo intactos. Pegadas, marcas de pneus e objetos deixadas no local são indícios importantes e podem levar a identificação dos criminosos.

Atualmente, além de Goiás e Mato Grosso, há iniciativas semelhantes em curso na Bahia, no Distrito Federal, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

O delegado de Barra do Garças dá dicas importantes aos pecuaristas para prevenção de crimes de roubos nas propriedades:

  1. Manter porteiras trancadas com cadeados.
  2. Manter algum tipo de vigilância na área dos currais.
  3. Divulgar a marca dos animais da fazenda. Isso permite que, se alguém de deparar com essa marca, os animais possam ser recuperados.
  4. Manter trancados acessos dos currais quando não estiver em uso.
  5. Divulgar os hábitos de movimentação de animais, para que os produtores vizinhos possam identificar movimentações estranhas de animais.

Fonte: portaldbo.com.br