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Para quem serve o semiconfinamento, quais seus fatores limitantes e como preparar uma estrutura básica para este que é um passo intermediário para a engorda intensiva? Foi o que respondeu em vídeo enviado especialmente para o Giro do Boi o zootecnista José Leonardo Ribeiro, gerente de produtos de ruminantes na Guabi Nutrição e Saúde Animal.

“O semiconfinamento é uma alternativa extremamente interessante para os pecuaristas que querem incrementar o ganho de peso dos seus animais não necessitando de utilizar a estrutura de confinamento. No semiconfinamento, o pecuarista fornecerá aos animais em cochos normalmente posicionados nas pastagens o alimento concentrado e, eventualmente, se houver necessidade, um alimento volumoso adicional”, resumiu.

Diferenças entre confinamento, semiconfinamento e terminação intensiva a pasto

O especialista falou sobre o volume de ração normalmente fornecido nesta modalidade de engorda e qual fator responsável pela variação desta quantidade. “Em média, a quantidade de ração fornecida no semiconfinamento irá variar de 0,5% a até 1,2% do peso vivo do animal. O que é extremamente importante é que faça-se uma avaliação para determinar o quanto de forragem nós temos na área e de que maneira o animal pode utilizar essa forragem da melhor forma possível, uma vez que este (pasto) é um alimento que foi produzido e que se não for consumido, consequentemente ele senesce, morre e não houve uma eficiência de utilização por parte dos animais, o que vai gerar, portanto, menos carne”, ponderou.

Que quantidade de ração devo fornecer para o gado semiconfinado?

Além da quantidade e qualidade do pasto, a época do ano em que o semiconfinamento é feito impacta na ração fornecida em cocho. “A partir de cada momento do ano, de cada estação do ano determina-se qual é o valor nutricional adequado daquele alimento concentrado, tendo em vista que no período das águas as forragens apresentam maior valor nutricional e no período seco elas apresentam menor valor nutricional, principalmente no tocante à proteína. Portanto, no período seco, se o pecuarista não trabalha com uma ração com maior nível proteico, as bactérias do rúmen não serão eficientes a ponto de aproveitarem a forragem da melhor maneira possível, o que fará com que o animal coma menos alimento volumoso ao longo do dia e isso vai tornar o ganho de peso menor”, observou.

O “prato” que o boi usa para se alimentar também influencia no sucesso do semiconfinamento. “Outro ponto extremamente importante diz respeito ao espaçamento de cocho. Trabalha-se em média com meio metro linear por animal quando se trabalha com o menor fornecimento de alimento concentrado. Se eu trabalho com espaçamento de cocho menor do que meio metro linear por animal, haverá uma disputa pelo alimento fornecido de modo que os animais dominantes comerão muito mais do que os animais dominados e eu terei, portanto, uma desuniformidade do ganho de peso. Além disso, aquele animal que comeu mais não necessariamente vai ganhar peso que seja suficiente para compensar o quanto se comeu a mais de alimento concentrado”, alertou.

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Ribeiro destacou ainda a importância de criar uma rotina para o fornecimento da ração. “O fornecimento deve ser feito todos os dias no mesmo horário. O animal tem uma referência, portanto, se eu forneço alimento 7h da manhã num dia e no dia seguinte eu forneço às 9h da manhã, esse animal ficará duas horas aguardando a ração no cocho. Assim ele pode perder tempo de pastejo e aproveitar menos a forragem, apresentando um menor ganho de peso também”, avisou.

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MAS A CONTA FECHA?

Por fim, o zootecnista respondeu um dos questionamentos mais frequentes feitos por parte dos produtores. “Uma outra pergunta recorrente é: há ganho, há lucratividade quando se trabalha no sistema de semiconfinamento? A resposta é: se você trabalha de maneira correta, sim, você terá um bom resultado. Você conseguirá o resultado trabalhando com cerca de 0,5% a 0,6% do peso vivo de uma ração que não resulta em perda, por exemplo, uma ração peletizada, com pellets de 3 cm de comprimento e 1,6 cm de diâmetro, todo o alimento fornecido será consumido pelo animal. Se esse alimento tiver ainda em sua composição aditivos prebióticos, probióticos, minerais de maior biodisponibilidade, como os orgânicos, esses animais ganharão ao longo do período de fornecimento uma quantidade de carcaça suficiente não só para pagar o investimento em alimento concentrado, como também o período em que ele permaneceu no pasto, que nós falamos que é o ‘aluguel de pasto’. Com isso, os animais são melhor aproveitados, ganham mais peso, a carne produzida é de melhor qualidade, que vai atender assim o consumidor, que por sua vez ficará mais satisfeito com o produto comprado e adquirido. Por outro lado, o pecuarista também terá uma lucratividade maior para sempre estar investindo recursos na sua atividade, produzindo sempre um alimento de melhor qualidade, utilizando melhor os recursos […]. É isso que nós buscamos com a nutrição eficiente, e o semiconfinamento vem como uma ferramenta extremamente importante neste sentido”, concluiu.

Fonte: GirodoBoi