Em SP, cotações giram na casa dos R$ 315, mas poderão subir para além de R$ 325 no curto prazo, embalada pela retomada dos embarques ao gigante asiático

Depois de 103 dias de espera, o Brasil voltou (desde quarta-feira, 15 de dezembro) a poder certificar e exportar carne bovina para a China.

Neste cenário, no mercado físico do boi gordo, o jogo virou a favor dos pecuaristas, que agora possuem a “força” de escolher o melhor negócio a ser feito, relatam os analistas da Agrifatto.

“Agora o chicote trocou de mão, e quem tem boi-China para vender é rei”, afirma a médica veterinária Lygia Pimentel, CEO da Agrifatto.

A boiada padrão-China é abatida mais jovens, com idade até 30 meses.

Por enquanto, a referência balcão em São Paulo segue em torno de R$ 310-315/@. No entanto, os negócios devem se avolumar próximo aos R$ 325/@ nos próximos dias, preveem os analistas da Agrifatto.

Foto: Divulgação

“A tendência é de alta na arroba, até porque, daqui para frente (até janeiro-fevereiro), teremos menos oferta de boiada gorda”, prevê Lygia, em podcast realizado na quarta-feira pela Agrifatto.

Na avaliação da CEO da Agrifatto, as geadas ocorridas este ano em algumas regiões pecuárias do Brasil atrapalharam o desenvolvimento das pastagens, o que deve resultar em maior lentidão na oferta de gado produzido a pasto a partir do próximo ano.

Ao mencionar as áreas que atualmente sofrem problemas com a recuperação dos pastos, Lygia cita os Estados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, além da região sul de Goiás.

O economista Yago Travinigi, analista da Agrifatto, estima que, durante o ausência da China, o Brasil deixou de faturar US$ 1,22 bilhão, o equivalente a 177 mil toneladas de carne bovina.

Segundo os consultores da Agrifatto, no momento, há frigoríficos já embarcado boiadas ao mercado chinês.

“Essas plantas já tinham lotes de boi-China em estoques e por isso já conseguem atender prontamente a demanda dos importadores chineses”, relata Lygia.

Segundo apurou a Scot Consultoria, com o anúncio da retomada da exportação para a China, os compradores seguem avaliando o mercado para traçar estratégia de compra para os próximos dias.

“Com escalas de abate relativamente confortáveis, as cotações permaneceram estáveis em São Paulo”, informa a Scot.

Dessa maneira, os preços da arroba do boi, vaca e novilha gordos estão em R$ 312, R$ 293 e R$ 305, respectivamente (valores brutos e a prazo).

Segundo a IHS Markit, a disparidade entre os preços de compra e venda do boi gordo cresceu forte em função da “queda de braços” que se instaurou no mercado.

SAIBA MAIS | Preços futuros do boi explodem com volta da China ao mercado comprador

Enquanto isso, continua a IHS, o mercado doméstico de carne bovina segue inconsistente, o que contribui para a posição de cautela das indústrias frigoríficas.

O clima chuvoso em grande parte do Brasil tem colaborado para melhoria da massa verde nos pastos, o que auxilia na retenção de animais, observa a IHS.

“A oferta de gado terminado praticamente sumiu e a ponta vendedora perde valores mais altos pelo boi, sob alegação dos prejuízos gerados pelos elevados custos com ração e queda nos valores da arroba em setembro e outubro de 2021, depois do cancelamento dos envios da proteína brasileira à China”, declaram os analistas da IHS.

Na opinião da consultoria, a disponibilidade de mercadoria nas câmaras frias está adequada à demanda vigente e há relatos de sobras de alguns cortes bovinos devido ao ritmo lento das vendas (interna e externa), além do menor preço das carnes concorrentes (frango e suínos).

“Poucas unidades de abate fecharam as suas programações para a primeira semana de janeiro. Porém, mesmo aquelas plantas frigorificas que têm necessidade de preencher as suas escalas de abate para depois do Natal, não chegam a ir com tanto apetite às compras de gado”, ressalta a IHS.

Na B3, os preços dos contratos futuros do boi gordo registraram altas expressivas, efeito de forte movimento de compras especulativas geradas pela notícia de reabertura do mercado chinês ao produto brasileiro.

Cotações máximas desta quinta-feira, 16 de dezembro, segundo dados da IHS Markit:

SP-Noroeste:

boi a R$ 317/@ (prazo)
vaca a R$ 296/@ (prazo)

MS-Dourados:

boi a R$ 305/@ (à vista)
vaca a R$ 289/@ (à vista)

MS-C.Grande:

boi a R$ 303/@ (prazo)
vaca a R$ 291/@ (prazo)

MS-Três Lagoas:

boi a R$ 300/@ (prazo)
vaca a R$ 288/@ (prazo)

MT-Cáceres:

boi a R$ 291/@ (prazo)
vaca a R$ 282/@ (prazo)

MT-Tangará:

boi a R$ 291/@ (prazo)
vaca a R$ 281/@ (prazo)

MT-B. Garças:

boi a R$ 293/@ (prazo)
vaca a R$ 280/@ (prazo)

MT-Cuiabá:

boi a R$ 300/@ (à vista)
vaca a R$ 279/@ (à vista)

MT-Colíder:

boi a R$ 286/@ (à vista)
vaca a R$ 276/@ (à vista)

GO-Goiânia:

boi a R$ 303/@ (prazo)
vaca R$ 289/@ (prazo)

GO-Sul:

boi a R$ 305/@ (prazo)
vaca a R$ 286/@ (prazo)

PR-Maringá:

boi a R$ 300/@ (à vista)
vaca a R$ 281/@ (à vista)

MG-Triângulo:

boi a R$ 312/@ (prazo)
vaca a R$ 291/@ (prazo)

MG-B.H.:

boi a R$ 310/@ (prazo)
vaca a R$ 300/@ (prazo)

BA-F. Santana:

boi a R$ 300/@ (à vista)
vaca a R$ 291/@ (à vista)

RS-Porto Alegre:

boi a R$ 327/@ (à vista)
vaca a R$ 309/@ (à vista)

RS-Fronteira:

boi a R$ 327/@ (à vista)
vaca a R$ 309/@ (à vista)

PA-Marabá:

boi a R$ 283/@ (prazo)
vaca a R$ 276/@ (prazo)

PA-Redenção:

boi a R$ 286/@ (prazo)
vaca a R$ 278/@ (prazo)

PA-Paragominas:

boi a R$ 288/@ (prazo)
vaca a R$ 279/@ (prazo)

TO-Araguaína:

boi a R$ 283/@ (prazo)
vaca a R$ 274/@ (prazo)

TO-Gurupi:

boi a R$ 282/@ (à vista)
vaca a R$ 272/@ (à vista)

RO-Cacoal:

boi a R$ 284/@ (à vista)
vaca a R$ 274/@ (à vista)

RJ-Campos:

boi a R$ 300/@ (prazo)
vaca a R$ 281/@ (prazo)

MA-Açailândia:

boi a R$ 280/@ (à vista)
vaca a R$ 266/@ (à vista)

Fonte: ´portaldbo.com.br